Acredito que não faltam pessoas apaixonadas por debater assuntos, defender pontos de vista e aprender pela experiência do confronto de perspectivas. Nem todas, contudo, são honestas e merecem que gastemos o nosso latim com elas.
Em primeiro lugar, há pessoas que caminham perigosamente para os campos da intolerância e não abordam uma discussão dentro da liberalidade de perspectivas que pressupõe uma discussão aberta. Estas são pessoas que gostam de debater assuntos, sim, mas que preferem ter pela frente gente que concorda com elas parcialmente, e não gente que revela uma discordância total.
Em segundo lugar, há pessoas que perante a desconstrução dos seus argumentos, escolhem um caminho ilógico, que consiste num desistir da sua malha argumentativa e apostar na ridicularização dos argumentos do oponente, procurando ou irritá-lo ou distraí-lo ou encerrar a conversa encapotadamente, mudando de assunto.
Em terceiro e último lugar, resta-me referir o comportamento mais hediondo e deplorável de um debate, que é o resvalar unilateral ou mesmo bilateralmente para ataques de carácter, por via de uma confusão propositada entre o que se diz e quem o diz, privilegiando atacar o “quem” e não o “que”.
É comum pelo menos um destes tópicos verificar-se. À medida que a impaciência, a irritação e o cansaço crescem por motivos que podem passar pela paralisação do debate, da excessiva concentração em questões laterais ao mesmo pela incapacidade de se atingir a profundidade pretendida, entre outros, um dos oponentes sentirá vontade de acabar com o debate, e caso não consiga por termo ao mesmo atempadamente, sofrerá provavelmente um ataque na linha de um dos 3 pontos referidos. O pior é que ambos ficarão com um travo amargo caso sejam pessoas de acreditar no valor de um debate. Partirão para suas casas achando que o outro é desonesto, que não percebe bem a questão, que precisa de analisar melhor o assunto.
Sem comentários:
Enviar um comentário