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Sobre a evolução do homem e o uso de talheres

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É curioso como o comportamento do homem evolui em conformidade com a melhoria do seu estilo e condições de vida, sem que isso implique que comportamentos tidos como primitivos possam reaparecer como moda, ainda que por motivos diferentes.

O exemplo da tese que aqui apresento foi-me dado por uma súbita percepção de que a comida de plástico que faz furor nos centros comerciais é na sua maioria consumida sem talheres, pela acção directa das mãos sobre os alimentos. Levar uma fatia de pizza à boca, movimentar palitos de batata frita com os dedos ou segurar com as duas mãos uma valentona sandes de hambúrguer e afins, não é, em termos de comportamento, muito diferente do que se presume que os homens das cavernas faziam para se alimentar, antes de terem descoberto utensílios cortantes.

Realço assim que a natural correlação conceptual que tendemos a fazer entre evolução e novidade, nem sempre é verificada. No caso da alimentação, poder-se-ia pensar que a evolução do homem o conduziria univocamente ao aprimoramento e refinamento dos utensílios de alimentação, de que é exemplo a faca de peixe ou o talher de sobremesa, mas isso não é necessariamente verdade.

Perceber porque motivo em certas matérias a evolução tende em regra geral para a complexidade sem perda de êxito ou atractividade, e porque motivo noutras a complexidade se transforma numa barreira e se dá uma inversão do rumo da evolução, que passa a significar um regresso às origens, é um exercício interessante. Ouvi dizer uma vez que simplicidade é sofisticação, mas estou em crer que no caso da comida fast-food simplicidade é optimização. Comer com as mãos vem curiosamente relembrar e resgatar em nós a razão de ser dos dentes caninos e incisivos, visto que não se perde nada ao dar uso aos talheres que já vêm de série connosco: a dentição. Surpreendentemente, ninguém parece notar o quão se come com as mãos na actualidade. É como se a evolução imprimisse naturalidade num acto que há 100 anos atrás seria possivelmente repudiado por falta de requinte.

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