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Sobre o livro Quando Nietzsche Chorou

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Acabo de concluir a leitura do livro Quando Nietzsche Chorou, da autoria de Irvin B. Yalom , a qual é uma obra passível de multifacetadas definições. Pode ser explicada como se tratando de um livro filosófico por ter como personagem principal Friedrich Nietzsche, como um romance histórico sobre a Áustria do século XIX, ou mesmo como um aula de psicologia sobre os primórdios da psicoterapia(Sigmund Freud também é personagem).

Pelo seu carácter diversificado, o livro permite ao leitor várias dimensões de leitura , mediante o seu grau de interesse por diferentes campos de conhecimento mas sobretudo mediante a profundidade metafísica com que o quiser encarar.

Aludindo às teorias de Nietzsche e invocando pontualmente citações das obras do mesmo, o livro abarca com elegância o tema da liberdade do homem e do tipo de transformações que esta vai sofrendo devido a imposições culturais, familiares ou de puro decoro. Breuer, o famoso doutor vienense que faz parelha com Nietzsche no grupo de personagens principais, encarna o papel do homem de meia idade que olha para o muito que tem e não consegue ser feliz, porque em crescendo está tolhido pela sensação de morte que a idade trás consigo bem como pelo facto de outrora ter sido classificado como um talento infinitamente promissor e não encontrar reflexo disso na vida que tem. Assim, vive de certo modo frustrado com a vida que acabou por ter, a qual estando repleta de reconhecimento público pelos serviços prestados à medicina, parece não chegar. Só uma terapia mutualista entre Breuer e Nietzsche permite que ambos se libertem dos problemas que carregam, tendo como fármaco a conversação.

Para mim, o grande corolário da história passa sem dúvida pela ideia-chave de termos de escolher a vida que queremos viver, quer seja pela necessidade de aprender a desejar a vida que de facto temos ou pelo cultivo da busca da vida que desejamos e que ainda não temos. Não se ficando por aqui, o livro vai mais longe e permite ao leitor perceber que o entendimento que se tem da vida está condicionado por ilusões e fantasias que se lança sobre ela, as quais podem deslocar-nos dos verdadeiros problemas que temos, levando-nos a encontrar bodes expiatórios que esconderão as nossas próprias limitações e guerras interiores.

A Cura de Nietzsche é uma obra altamente recomendável, de muito confortável leitura e que revela um escritor preocupado em redigir uma obra que não se esgota num único sentido ou âmbito. Em suma, acredito estarmos perante um best-seller que é digno de que o seja e que não deve nada para estar onde está.

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