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Sobre o filme a Bela e o Paparazzo

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O filme a Bela e o Paparazzo representa uma tentativa cinematográfica muito válida, com carimbo nacional, que longe de constituir uma obra-prima da sétima arte consegue libertar-se dos preconceitos típicos que ensombram as opiniões sobre o cinema português e fluir a bom ritmo e sabor.
A trama envolve um fotógrafo que vende exclusivos fotográficos a uma revista de imprensa cor-de-rosa, com o dado particular desse indivíduo fotografar a mesma pessoa unicamente. A determinada altura, na tentativa de evitar perder o exclusivo fotográfico de um incidente envolvendo a respectiva famosa, acaba por se envolver no próprio incidente em defesa da visada, acabando por se ferir. Esse acto despoleta um romance e uma paixão forte entre fotógrafo e famosa, o qual vai adiando uma clarificação sobre os antecedentes do fotógrafo relativamente à famosa, até que o dia da verdade chega.

No âmago do seu cariz de entretenimento, o filme aborda a questão da impossibilidade de se conseguir viver uma vida estável e feliz quando cada passo dado é mediatizado e exposto publicamente, assim como cada zanga ou cada namorado. Numa segunda leitura, o filme mostra a carapaça de insensibilidade e vileza que é preciso ter para fazer carreira no ganancioso mundo da comunicação social cor-de-rosa que vive de escândalos e de intrigas provocadas pela ampliação de incidentes pontuais.

Filmado em Lisboa, o filme trabalha bem a componente de divulgação do país, através de sucessivas cenas gravadas em locais públicos onde se nota uma preocupação mostrar Lisboa no seu lado mais português e tradicional, não escapando nem uma fugaz cena envolvendo a estátua de Fernando Pessoa.

Pessoalmente surpreendeu-me o profissionalismo da produção, que se traduz num produto final que é coerente do início ao fim, que faz sentido enquanto história e que não tem de mendigar a atenção do espectador. A inclusão de toques de humor, a cargo do comediante Nuno Markl, impede que o filme assuma um vinco romântico daqueles que afasta público avesso a puritanismo sentimental. Porém, a gestão da mescla de estilos do filme, deve-se também ao facto de o amor vivido em a Bela e o Paparazzo ser desalinhado em termos do que são as expectativas do público sobre uma história de amor.

Antes de concluir, gostava de referir que não fui ao cinema ver este filme. Não o fiz porque visito o cinema apenas esporadicamente, mas confesso que é preciso consumir muito cinema para decidir ir às salas de cinema ver um filme como este. A quem falta cultura cinematográfica, é útil e fácil socorrer-se do carimbo “sucesso de bilheteira” com que os filmes americanos cruzam o Atlântico, a ponto de deixar de lado os filmes que são apostas nossas, apostas em português, apostas com portugueses.

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