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Sobre a lógica que preside às agências de rating

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Os últimos anos viram nascer o fenómenos das agências de rating, sobre as quais pouco ou nada se sabe além do objecto principal da sua actividade. Sobre este, aliás, creio que teremos percebido já o essencial: categorizar empresas e países de acordo com a sua propensão para o cumprimento/incumprimento de compromissos financeiros relativos a créditos financeiros.

O que me provoca substantiva urticária intelectual é constatar a complacência nacional em termos de órgãos de comunicação social, partidos políticos e no plano do cidadão comum, relativamente ao não procurarmos conhecer melhor estas agências, a fim de clarificar aspectos como a sua imparcialidade, rigor e lógica de funcionamento.

A economia não é uma ciência exacta (a contabilidade e finanças é que o são), razão pela qual importa e muito saber afinal que tipo política ou filosofia preside às considerações e pareceres que se emitem. Se não o fizermos, pactuamos com a falácia de assumir que as agências de rating têm uma forma exacta e insofismável de relacionar factos noticiosos com as conclusões que emitem. Sou um ignorante quanto à complexidade e comportamento dos mercados nacionais ou internacionais, mas custa-me tremendamente a acreditar que se consiga afirmar como se afirma, que os juros da dívida portuguesa sobem ou descem porque fulano de tal fez umas declarações bizarras ou porque o parlamento, no exercício do que é expectável que faça, tenha aprovado ou reprovado alguma medida. Não nego a quota de influência que estas coisas podem ter, mas convenhamos que é absurdo explicar comportamentos económicos regidos por uma brutalidade de variáveis e outros fenómenos dependentes com base no que é noticiado.

Por este motivo, penso que temos sido ingénuos na relação com este tipo de avaliações, procurando muitas vezes “falar ou tranquilizar para os mercados” – signifique isto o significar – em vez de debater e elucidar directamente os intervenientes e responsáveis pelo rating, que porventura nos analisam a milhares de quilómetros de distância e que nunca cá puseram os pés.

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