Procurar:

Sobre a escola e a consciência dos alunos

Share it Please

 

image

“Since everything which exists or happens for a man exists only in his consciousness and happens for it alone, the most essential thing for a man is the constitution of this consciousness, which is in most cases far more important than the circumstances which go to form its contents.”

Arthur Schopenhauer

 

O meu apelo para o ensino em Portugal erige-se sobre o terreno fértil do pensamento de Arthur Schoppenhauer, a quem pertence a frase em destaque. Apraz-me imaginar no que seria de Portugal caso este pensamento desencadeasse uma política educativa nele assente e se refundasse o funcionamento das escolas com base nestes propósitos.

Tudo o que existe, existe na consciência da pessoa, por isso, mais do que empacotar factos, teorias, letras e números ao acaso com base em critérios de cultural geral, a escola tem o primeiríssimo dever de ajudar à constituição da consciência humana em cada um dos alunos que a frequenta, pois isso é um serviço público bem mais importante do que preencher-lhe o conteúdo.

Estou em crer que a não ajuda na constituição da consciência se repercute há anos e justifica a sociedade que temos e na classe política que temos e, no limite, aquilo que somos como nação. Há demasiada gente em Portugal que, embora escolarizada, vive atrofiada na sua existência porque não atinge patamares individuais de compreensão e apreensão do seu meio envolvente que as torne seres mais livres, mais felizes, mais racionais, mais interventivos, mais coerentes.

É importante que se compreenda que uma escola verdadeiramente importante pode localizar-se debaixo de um árvore, desde que debaixo dessa árvore existam condições para que um aluno saia da gruta pensante em que vive, contemple a paisagem à volta, e saia à descoberta voluntária do mundo. A escola deve estimular a passagem do homem institivo e animalesco para o homem superior, intelectual, ponderado.

Uma escola que negligencia o dever de provocar o encontro de cada aluno com a sua consciência, e que o empanturra ao invés com matérias que ele facilmente adquiriria se assim o desejasse, é uma escola feita por homens cuja consciência não foi também apurada o suficiente para poder determinar como a escola deve ser ou que andam terrivelmente distraídos ou tragicamente entorpecidos.

Já o disse antes e reitero: o investimento de que a escola mais precisa é o investimento não material. É preciso pôr a escola a pensar a escola, e libertá-la de programas temáticos centralizados que são servidos como comida fria a qualquer um, ao arrepio da sua vontade, necessidade ou atitude. A escola tem de apelar mais à envergadura do aluno e menos à sua roupagem.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...