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Sobre o que as conversas que tens podem revelar sobre ti

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"Sem instrução, o mundo dos camponeses era dolorosamente estreito. As conversas entre eles giravam invariavelmente em torno de pequenos pormenores do dia-a-dia. Uma mulher passara a manhã inteira a queixar-se de que a nora gastara dez feixes de "lenha leve" para cozinhar o pequeno almoço, quando poderia tê-lo feito com apenas nove (...). Outra resmungava horas a fio porque a sogra punha demasiada batata-doce no arroz (o arroz era mais precioso e apreciado que a batata-doce). Eu sabia que esta limitação de horizontes não era culpa delas, mas mesmo assim achava as suas conversas insuportáveis."
Jung Chang - Cisnes Selvagens, 3 filhas da China


Dos que são bafejados pela sorte da instrução esperam-se conversas que não sejam apenas "dolorosamente estreitas" e monotonamente orientadas, isto é, que tenham a capacidade de transpôr os limites do óbvio e do banal.

A qualidade das conversas é um bom barômetro para perceberes de que modo a instrução das pessoas foi devidamente incorporada nelas. Por vezes encontramos gente sem estudos aparentes e que revelam uma acutilância no conversar que impressiona e cativa. 

Infelizmente, também encontramos o contrário, gente oficialmente instruída e diplomada que, por preguiça ou insuficiência, se acomoda tragicamente na "limitação de horizontes", para mal de todos que a investiram com instrução, mas sobretudo delas próprias, que ficarão votados ao subaproveitamento sabe-se lá até quando.

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