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Sobre aqueles que têm tudo na vida mas não se realizam

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Não é preciso procurares muito para tomar conhecimento de casos de gente que tendo praticamente tudo o que de bom há em termos de bens materiais, condições de vida, formação, cultura, dinheiro e família, parece não encontrar o seu eixo de paz, realização e felicidade, e corre riscos de se despenhar.

Espantam-se os mais impressionáveis com estes episódios, fundamentando a sua exclamção na falta de motivos para essas pessoas estarem amarguradas com a vida que têm, e fazem-no porque julgam que o que nos faz feliz e realiza é a posse absoluta das coisas.

O que nos faz feliz, verdeiramente, é a conquista de coisas, físicas ou espirituais. É o transpôr de obstáculos, o serpentear por entre desafios, soluções e alternativas. Quem tem tudo e mora num condomínio fechado (como patinhos numa pia de água morna, limpa e perfumada), rapidamente se farta e perde a ligação com a verdadeira fonte de vida: o sentir de devir, o crescimento, a perseguição de metas que julgamos serem necessárias para chegarmos aonde queremos chegar e para seremos quem queremos ser.

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