Arrisco pensar que a maior parte das pessoas, como não consegue ter disciplina e clarividência mental para se pensar isoladamente enquanto ser independente que (no limite) é, acaba por não perceber que a sua vida e as dos que a rodeiam são em muito definidas e condicionadas por fontes de influência que subrepticiamente surgem e moldam.
Já aqui falei das preferências (Sobre as nossas preferências, como uma mistura de influências pessoais e externas) e do modo como parecendo nossas não o são na totalidade. Não é só nos gostos, é também na sensibilidade para determinados assuntos. Já ouvi dizer, por exemplo, que conviver com processos de divórcio despoleta mais divórcios. Pode ser discutível, mas em pouco difere da situação em que estamos num grupo e alguém diz que quer ir ao WC e rapidamente mais 2 ou 3 querem, ou quando alguém começa a reclamar que está com fome e como que por magia já estão mais uns quantos igualmente famintos.
Estar ciente deste mecanismo dá-nos a oportunidade de o dominar e de poder inverter (se necessário) a ponto de submeter o nosso ser propositadamente a determinadas influências no sentido de um plano que se acalente. Neste aspecto é nosso dever praticar a engenharia da nossa própria vidas e por esta via assinar deliberamente o projeto de vida que mais nos convém.
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