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Sobre a falta de calma

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Numa localidade que conheço, existia até há alguns anos um jogo que consistia numa corrida de bicicletas em que o último a chegar era aquele que recebia o prémio máximo. A prova era naturalmente regida por regras que garantiam que esta competição funcionasse devidamente. 

Pelo seu carácter de inversão da lógica desportiva, esta corrida presta-se a que pensemos como somos impelidos a treinar a avidez de resposta e a rapidez de execução, como se estes fossem os bastiões da excelência e do sucesso. O mundo de hoje privilegia a rapidez mas tende cada vez mais a premiar a originalidade, e essa surge sobretudo de abordagens diferentes à forma mais comum de fazer algo.

Custa-nos tanto ter calma. Parar requer um esforço de abnegação do ritmo a que nos habituamos a funcionar, um exercício mental que se joga contra a rotina em que a maior parte de nós funciona. Falta-nos depois pachorra para aturar determinadas pessoas e actividades que apelam mais à calma, culpando-as a elas por serem lentas e menos dinâmicas, como se isso fosse em si mesmo um defeito ou demérito. 

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