À pergunta "gostas de fracassar?" a resposta impulsiva e automática é "não, não gosto de fracassar". Insistamos com o entrevistado "mas então, porque não gostas de fracassar?", e contemplemos com surpresa como muda de assunto: "não gosto de fracassar porque fracassar faz-me sentir mal".
Há qualquer coisa de confuso nesta história. Fracassar é uma consequência de um processo de ações (situação B) cíclico, cuja engrenagem não contempla sentimentos. Os sentimentos que o fracasso gera são marginais ao processo e têm uma índole cultural subjetiva: pode ser vergonha, pode ser dor, pode ser raiva, pode ser angústia, pode ser desespero, pode ser tudo o que uma mente fragilizada é capaz de sentir.
Com o fracasso bifurcam-se inevitavelmente os caminhos: por um lado somos convidados a concentrar energias na aprendizagem que lhe sucede (preservando o processo de ação); mas por outro lado somos impelidos pela nossa personalidade a gastar energias no processar sentimentalmente o sentido do fracasso. Este último não tem de impedir ou sobrepôr-se ao primeiro.
Sempre que dedicamos mais energias à aferição emocional de uma experiência de fracasso quebramos a engrenagem que nos permite ousar, crescer, aprender, transformando-a numa rua sem saída (situação A), num guetto sentimental depressivo e fim de linha de onde dificilmente sairemos reforçados como pessoa ou profissional.
Sempre que dedicamos mais energias à aferição emocional de uma experiência de fracasso quebramos a engrenagem que nos permite ousar, crescer, aprender, transformando-a numa rua sem saída (situação A), num guetto sentimental depressivo e fim de linha de onde dificilmente sairemos reforçados como pessoa ou profissional.
Publicação original: 10/2012
Revisão: 11/2023
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