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Sobre o egoísmo materialista aplicado aos que menos têm

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©  Paul Kuczynski

Ninguém tem culpa do maior fulgor económico e da melhor qualidade de vida que o país onde lhe coube nascer proporciona. Não há propriamente lugar à aferição de responsabilidade sobre algo que é endógeno às forças superiores que regem quem nasce onde, quando e como. Porém, quanto é que isso representa, verdadeiramente, para o que as pessoas são e podem ser?

Por força da doutrina material que tem levado a inegáveis progressos tecnológicos, contabilizamos materialmente praticamente tudo que a nós e aos outros diz respeito: Quantos gatos tens? Um, olha eu tenho três. Quantos amigos tens na rede social? Cento e cinquenta...que fraco, eu tenho mil. Quantas vezes já andaste de avião?, Quanto gastas em roupa por ano?, etc.

E no fundo convencionamos estar na posse dos critérios supremos sobre o qual podemos compreender onde está o óptimo, onde mora o ideal, para onde apontam os desejos, as realizações, os egos de todos.

É pois com consternação que nos pesa ver gente que materialmente tenha pouco, não porque isso possa indiciar falta de oportunidades de desenvolvimento e compreensão do mundo (sonegamos esse lado de compreensão), mas porque, ao vê-las, sentimos o medo próprio poder não ter as coisas que nos habituamos a que nos preencham.

Nessa consternação somos invariavelmente egoístas, sucumbindo mais depressa ante o temor sentimental que tal imagem de pobreza nos suscita (esse pensamento que brame sempre no eu, eu , eu), do que pelo outro, por quem é. Quem sabe muitos até saiam mais egoístas dessa experiência, tal o medo de perder o que têm.

É avisado um confronto com essas réguas mentais com que aferimos os outros e a vida dos outros: se te tirarem quem amas provavelmente ficarás tão miserável como as pessoas que julgas miseráveis por não terem um gadget da moda.

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