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Sobre o exagero do raciocínio

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© Anne ten Donkelaar


O exagero do raciocínio transporta o ser humano para um vício intelectual que se caracteriza pela insaciável tendência a dissecar tudo e todos, sacrificando o todo pela parte, e querendo concentrar nas partes mais verdade do que aquela contida nesse todo.

Entre seres humanos, isto reflecte-se no modo como nenhuma pessoa acaba por servir para os cargos públicos ou para ser nosso amigo, todas são a seu tempo enviadas para uma guilhotina moral à conta de se escrutinar ao pormenor qualquer imperfeição sobre elas, ou de ampliar as vezes que forem necessárias quaisquer indícios de falhanço ou de demora em estar certa no seu modo de compreender o mundo.

O orgulho de ter razão, o orgulho de saber avançar sempre com os pontos de vista mais pertinentes, ou mesmo com os aspectos mais centrais sobre as coisas (na televisão a questão central é sempre outra, nunca a que o interlocutor acabou de avançar), é uma sub-reptícia manifestação de que existe um limite para a dimensão racional do ser humano. Há vida para além do computação de dados.


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