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Sobre a necessidade de existirem opostos para que não percamos os referenciais

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© Tyler Shields

A maior parte de nós há-de chegar a compreender por si, beneficiando da crueza e incontornabilidade da vida, que a existência de polaridade nas coisas não só é útil como é desejável. Exprimimos com relativamente facilidade votos de que os mais diversos aspectos do mundo e das pessoas que nele habitam sejam de um modo muito específico, um modo que de repente faz muito sentido em detrimento de tudo o resto.

Acontece que até as coisas boas se degradam quando não convivem com o seu antagónico: hoje temos a democracia a ser valorizada em abstracto mas banalizada na prática, e o capitalismo levado a patamares de tamanho exagero (como prémio do triunfo alcançado na Guerra Fria) que nos fazem duvidar da sua beleza e adequação como modelo de desenvolvimento. Carecemos de outras referências.

Diz-se que os esquimós conseguem detectar várias matizes de branco naquilo que um cidadão comum apenas chama de branco. Isto é interessante mas não deve sobrepôr-se ao incontornável: o branco é o antagónico do preto. Precisamos de domar a nossa capacidade de análise para que não percamos os verdadeiros referenciais das coisas. Esses moram nos opostos, tal como o conceito taoísta do ying-yang persiste em relembrar-nos.

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