Procurar:

Sobre os processos de escolha, e o entendimento que temos da "não escolha"

Share it Please
© Raul Ortega Ayala


As escolhas não se medem aos palmos, nem se contabilizam aos molhos, cada uma é ela própria uma, pelo que certo e sabido é mesmo que a vida é feita de cada uma delas. Antes de se discutir se saber escolher é uma arte ou um pesadelo (a cada um o que é seu) importa registar que uma escolha tem sempre umbilicalmente a si associada o universo contido na "não escolha".

A "não escolha" é muitas vezes entendida, sobretudo por conveniência, como o oposto do que se pondera escolher. Por exemplo, se estiveres num processo de escolha em que te deparas com a decisão relativa à pessoa com quem pretendes construir um projeto familiar sólido, o que é a não escolha? Talvez ficares quieto(a) no teu canto, desfrutando da maior liberdade que tens estando sozinho. Seria exatamente isso se a não escolha fosse apenas o oposto. Como não incluir na não escolha as outras opções que, estando  relacionadas com a questão, são alternativas à escolha com que te deparas? Podes escolher esperar que seja a alguém a escolher-te ti, tal como podes escolher esperar por um facto desencadeador de novidade, como seja a mudança de espaço fisico, ou o adiar o processo de escolha para que este possa contemplar o surgimento de potenciais pessoas que se avistem no horizonte. Podes até escolher amar duas ou três pessoas e ver no que dá, tal como te é permitido escolher um dia de sorte em que investes a noite num bar ou afins, bebes para lá da tua conta, e delegas no álcool a escolha (por ti) dessa pessoa.

Acima de tudo, é importante registar que o processo de escolha joga-se numa frente muito mais lata do que muitos acreditam: fazer isto vs. não fazer isto vs. fazer aquilo vs. fazer aqueloutro vs. fazer isto se... vs. fazer isto quando... . E o que é facto é que só começamos a ver a dimensão da decisão quando paramos para pensar e percebemos que o tempo e espaço ocupado por numa decisão poderia ser ocupado por outras vias, que merecem igual reconhecimento. Quiçá seja por isto que muitos fogem de pensar, quiçá seja por isto que não raras vezes preferimos cingir os processo de decisão à mais curta visão do fazer isto vs. não fazer isto. É tão mais fácil, gente.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...