[Imagem: Number, por Steven Toang]
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Philip Glass - Primacy of the Number
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Na essência da cultura da massificação (cuja cereja no topo do bolo ainda é o computador) está o cômputo. O número perverteu-se ao cômputo, tornando-se em algo predominantemente mecânico desprovido de um sentido lato transcendental. Existe uma matemática do quotidiano, do 1+1=2 mas existe outra que diz que 1+1 não pode ser 2, porque se no 1 mora a unidade, a unidade não se pode somar a mais nada. Esta é una, e o uno está umbilicalmente fadado a ser total.
A manipulação que fazemos dos números por intermédio da álgebra, geometria, aritmética, etc, cristaliza a abordagem funcional que requeremos do seu conhecimento. Do mesmo modo que chamamos um táxi porque pretendemos deslocarmo-nos a outro local, chamamos os números para que nos prestem um serviço: uma construção física, uma economia, uma ordenação do mundo, uma correlação entre coisas, uma modelação que prevê como o mundo funciona e nos permite, por exemplo, prever se amanhã choverá, fará sol ou nevará.
E na repetição desta serviçal convocação dos números, restringimos a noção do que é um número e do que ele simboliza ou pode simbolizar. Um número tem eventualmente vida própria, ele abarca conceitos e ideias tão profundas e primordiais que não existe forma de explicar um número com outra qualquer coisa, ideia ou conceito: um número é um número.
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