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Sobre as profissões, segundo 'A República' de Platão, e a conjuntura actual de criação, mutação e destruição de profissões

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"Pin boys" - Meninos que trabalhavam a levantar manualmente pinos 
de bowling na altura em que esta tarefa ainda não tinha sido robotizada.


Lendo ‘A República’, de Platão, contacta-se com a bonita ideia de que as pessoas se juntam e formam uma cidade porque existem vantagens em que cada indivíduo se dedique em exclusivo a uma tarefa para a qual tenha especial talento e beneficie, em consequência da associação, do resultado do trabalho de outras pessoas cujo talento se faz notar em outras tarefas necessárias. Daqui resulta uma harmonia funcional sobre a qual se pode fundar não só uma cidade, mas um Estado, um País, uma União de Países... uma civilização.

Acontece que este exercício é fácil quando estamos no domínio de actividades como ser padeiro, capinteiro, ou construtor, em que se produzem bens físicos e de certo modo intemporais, que não se antevê que venham algum dia a cair absolutamente em desuso. Actualmente temos profissões muito diferentes dessas, tais como programador informático, corretor de bolsa, ou cientista, e sobre essas é mais difícil quantificar o valor acrescentado ou a dimensão funcional para a sociedade. Será possível comparar o contributo de um agricultor com o contributo de um indivíduo de faz páginas WEB, ou com o de alguém que negoceia futuros de bens, ou que investiga a origem do Universo?

Em parte, a complexidade do mundo de hoje resulta de criarmos profissões novas ao ritmo com que surgem as modas, muitas das quais desaparecem com o surgimento da moda seguinte. E quando se chega a um ponto em que se pede às pessoas que tenham várias profissões ao longo da vida, desempenhando tarefas e funções para as quais têm talentos variáveis, não podemos estar neste ponto mais distantes daquilo que Platão retracta como sendo a base existencial que fundamenta e justifica a criação de associações, cidades, países.

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