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Sobre a inexorável necessidade de conduzir a vida, e as mil e uma fontes de distração do condutor

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Drive - Christinabeckett

Por algum bug de discernimento, perceber que a vida de cada um é como um carro que requer um condutor permanentemente activo, pode demorar todo o tempo de uma vida. Independentemente de acharmos que esse carro está sempre parado e o mundo é que se move, ou é o esquema inverso que prevalece, ainda assim será necessário que exista um condutor atento, preparado, e consciente do que é conduzir.


Ora, sendo conduzir a Vida o acto maior que justifica toda a realidade e contexto em que se encontra o condutor, uma interminável lista de distrações surge para o pôr à prova relativamente à arte de viver. Ora são as paixões e os ódios suscitados por outros passageiros; ora é o espelho retrovisor para onde se olha insistentemente para contemplar o passado; ora é o GPS que aponta um plano de viagem teórico que pode ou não ter que ver com a viagem real a realizar; ora é a vaidade do condutor contemplar e cultivar o próprio corpo e o seu papel de conduzir; ora é a internet que se interpõe na forma de dispositivos à distância de um bolso, com o condão de distrair através de mil e uma banalidades; ora é algum aspecto da paisagem que desvia a atenção da estrada, e tornando o condutor negligente para as curvas, lombas, portagens, prioridades, e limites vários que sempre vão aparecendo aqui e acolá.

Em suma, ao condutor da vida é esperado que exiba a mestria de quem tirou a carta por experiência própria ou por ter sido atento e consequente discípulo dos grandes mestres que deixaram por escrito os códices valiosos do produto de milénios de intenso pensamento e aprendizagem. A estrada está impreterivelmente à na nossa frente, nós é que nem sempre a tomamos como tal, distraídos da nossa primordial tarefa de sermos cabais condutores de nós mesmos.

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