Pese embora o inesperado e dispensável cunho american pop que encontrei no filme Lego o filme foi uma agradável surpresa. Do ponto de vista gráfico era expectável que impressionasse, mas é o argumento de um filme que confirma que este não constitui só fogo de vista.
Aproveitando características intrínsecas à lógica de comercialização do próprio brinquedo, nomeadamente ao facto de que é vendido em peças sob o mote de um projecto que requer ser montado (para o qual se faz acompanhar com um manual), a história efabula em torno das duas modalidades de utilização deste brinquedo: montar segundo o manual aquilo e concretizar o projecto previsto, ou montar segundo a imaginação do utilizador, sem projecto formal a seguir.
Neste sentido, o conflito entre bem e o mal que a história narra surge da tentativa de constrição de liberdade provocada por alguém que acreditava que tudo deveria ter um plano e orbitar em torno das possibilidades previstas nessa plano. Assim, enquanto a criança assiste ao filme e vê o drama dos bonecos que reclamam para si o direito a espraiar possibilidades infinitas de construção, o adulto é convidado a olhar para toda a história como uma grande metáfora sobre o cidadão comum e a liberdade, com tudo o que isso implica em termos políticos, artísticos, educacionais, e culturais.
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