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Sobre as tréguas sincronizadas alcançadas a cada Natal *

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Na hipoderme do fenómeno que conhecemos como Natal mora uma maravilhosa história de sincronização das existência humanas em torno da paz interior e exterior. Não de uma paz morta, estanque e desinteressada, mas a paz activa que resulta do alinhamento das pessoas no sentido do que melhor que mora nelas, ou, se preferirmos, na realização do potencial inato para o bem, o mesmo que hiberna sempre que nos tornarmos gente cinzenta.

Nada como o Natal consegue sincronizar em acto colectivo algo que, pese embora a ampla roupagem material, nasce e desagua numa ubíqua trégua de rancores cujo ápice ocorre na noite de consoada, mas que abrange um período temporal mais lato. Na nossa cultura, o Natal precede em dias a transição para o novo ano civil, e com isso sinaliza oportunamente junto de cada cidadão a certeza de que eles podem e conseguem ser boas e melhores pessoas. Temos a faca e o queijo na mão para compreender que, para ser Natal todos os dias - como muitos preconizam nos seus votos natalícios - há que perseverar na boa fé de dar e ficar contente, e de esperar e desejar o melhor para os outros.

O Natal não é uma prenda, nem é um presépio. O Natal é um (re)nascimento, como que um pacto anual de tréguas no mundo cão e lunar que ajudamos, no resto, do ano a construir com as nossas imperfeições e distrações. É uma machadada nessa construção social que te sequestra da vivência dos ideais e que eclipsa a evidência, em cada pessoa, das mais variadas e magníficas virtudes humanas que todos gostamos de reconhecer e encontrar perto da nós. Como acontece no Natal.


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