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Sobre o desafio inerente a uma vivência em constante regime de multitarefa

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Embora na sua versão anglosaxónica o fenómeno da multitarefa (multitasking) se apresente ao cidadão contemporâneo como o aparente reflexo novo resultante de um mundo plural, rápido e competitivo, não é expectável que esse desafio seja efectivamente novo na sua essência. A multiplicação e o desdobrar em esforços por parte de seres humanos no sentido de cumprirem os seus diversos deveres e expectativas está longe de ser uma realidade histórica pontual, e nada tem que ver com tecnologias ou capitalismo. Acontece que precisamos de estar bem ocupados para que a vida se nos faça sentido. Joga-se  nisso o sentimento de pertença à Humanidade, bem como a sensação reconfortante de contribuir para um colectivo agregador.

O que nós temos de diferente, hoje, é o modo como conseguimos encastelar cada vez mais tarefas no mesmo espaço de tempo, sendo mecenas dessa proeza as incessantes novidades alcançadas pelas tecnologias de locomoção, comunicação e gestão da informação. Em todo o caso, a ideia-chave de viver num cenário de multitarefa não mudou: cada tarefa existe para ser concluída com o sucesso. Trata-se de um axioma. De outro modo, para quê nos preocuparmos com elas? Acumular assuntos sem os resolver é compilar coisas, em jeito de colecionismo recreativo.

Neste contexto, é primordial ter a perseverança de perceber quantos e que tipo de projectos somos capazes de encabeçar sem prejuízo do seu bom andamento, e sem prejuízo de algo muito delicado que só enfraquece o ser humano: deixar as coisas a meio, deixando esfumar a experiência de crescimento associada à conclusão da cada tarefa. É neste quadrante que se situa o a oportunidade e o perigo da realização pessoal de hoje, já que a conjuntura multitarefa de hoje vem desafiar como nunca as destrezas individuais nessa arte que é ser consequente no que nos propomos fazer.

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