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Sobre a interdependência dos ritmos humanos nos diferentes planos existenciais

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Hydrospheres - Kapwani Kiwanga (2015)



Ter ritmo é desferir um movimento intencional e com proporção, em detrimento de um movimento descompassado ou mesmo da ausência de movimento.  Tendemos a atar o nosso entendimento de ritmo à dimensão física: falamos de "ritmo de jogo", "ritmo de vida", "ritmo da música que dançamos". Em alternativa falamos indiretamente dele quando o tema do nosso discurso é o stress, a falta de tempo, a pressão, o just in time, etc.

Acontece que o ritmo é transversal aos diferentes planos de existência das pessoas, e isso tem pelo menos duas implicações pertinentes: a primeira, é que tal como vários discos LP que se tentam alinhar num eixo comum, o ritmo físico nem sempre concinde com o ritmo emocional, com o ritmo energético, ou com o ritmo mental; a segunda implicação é que existem interligações e capacidade de influência entre os ritmos dos referidos planos (físico, energético, emocional, mental). Um movimento de ideias induz a um movimento emocional, ou um movimento emocional induz a um movimento físico.

Assim, quando por exemplo se ouve uma música, a letra sugere um ritmo de pensamento, a melodia impõe um ritmo emocional e a percussão induz um ritmo físico. O mesmo ocorre com as atividades afectas ao trabalho, aos tempos livres, à socialização, à introspecção, e por aí fora. Com isto, atentar nesta interdependência dota-nos da noção de que é impossível assegurar prolongadamente um ritmo adequado numa dada dimensão existencial, trabalhando apenas essa  própria dimensão. Já dizia o cantor, e com a sua sapiência: quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga.

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