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Sobre a diferença entre caminho e meta, a armadilhas das opiniões, e o exemplo da seleção portuguesa no Euro 2016

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Imagem: South to Southwesterly Winds Tomorrow - Kay Sage (1957)

As pessoas tendem a imaginar um dado caminho para as suas vidas, ou para quaisquer processos que estejam a acompanhar, e não se dão conta de como passam a avaliar o sucesso ou insucesso dos seus objetivos pelo grau de desvio que lhes parece existir entre o caminho imaginado e o caminho efectivamente trilhado. 

Este procedimento, que é tipicamente inconsciente, traz consigo duas perversões: uma é a hipersensibilidade para a aferição sistemática e nervosa do desvio entre o caminho imaginado e o caminho efetivamente trilhado, a qual cria um hábito nocivo que é viver a vida com base na opinião de cada momento; e a segunda é o esquecimento trágico que a existência de um caminho é consequência de uma meta, e que uma meta não é um caminho. Ou seja: que uma meta pode ter mais do que um caminho possível.

Vem isto a propósito da seleção nacional de futebol participar num campeonato europeu e não ter seguido o caminho imaginado pelos seus apoiantes. As opiniões foram várias, oscilando a um ritmo e estilo esquizofrénico e bipolar, quando, no fim de contas, o que sucedeu foi simplesmente ter sido percorrido um caminho que poucos anteciparam ou quiseram contemplar como sendo igualmente válido e possível para a meta proposta. Há demasiados de nós a viver refém da hipersensibilidade às opiniões, porventura já esquecidos de que o que conta são as metas. Este é um defeito crasso da cultura portuguesa.

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