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Sobre algumas mais-valias vivenciais alcançadas pela prática ativa do carpem diem

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Imagem: Scott's Cumbrian Blue(s), Fukushima No. 5 - Paul Scott (2015)


Uma das consequências de praticarmos ativamente a ideologia do carpe diem é que vamos descolando a visão que temos de nós de uma certa forma de estar em que as coisas (objetos, pessoas, episódios) são prezadas e consideradas a paredes meias com o receio da sua iminente finitude, e passam a ser desfrutadas sem que a mortalidade das coisas influencie tanto a forma de estar no mundo e na vida.

Muito mais do que uma carta branca hipócrita em prol do desapego (emocional, físico, mental) em relação a essas mesmas coisas - sobretudo à importância e carinho pelas pessoas por nós estimadas - daqui resulta uma valorização do presente enquanto presente, e não do presente enquanto projeção, desconstrução ou fantasia do futuro. A vantagem é que se vive mais na responsabilidade imposta pelo agora, e se sofre menos com risco deste se modificar, para melhor ou para pior. Os compromissos do agora são sempre os mais reais.

Por último, quem reincide deliberadamente no carpe diem acabará por descartar naturalmente a ideia de que, na vida, volta e meia há portas que se fecham, porque o mundo, nos objetos, pessoas e episódios, passa a ser entendido como uma massa vivencial contínua, interligada, e causal. Nesta perspetiva, a vida custará cada vez menos a ser vivida porque saberemos mover-nos ao ritmo com que a Natureza se move, criando-se uma estabilidade que nada tem que ver com a falta de mobilidade, apatia ou ausência de objetivos, mas antes com integração, inscrição, intuição. Assim o tenho sentido.

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