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Sobre o apregoar-se "devorar livros" e "voraz leitor" como moeda (vã) de satisfação de egos

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Imagem: Labyrinthe II - Erik Desmazieres (2003)

Existe um certo traço caricatural em muitas pessoas que, sendo apreciadoras de literatura em geral e de livros em particular, não se coíbem de invocar sempre que podem mensagens subliminares sobre "devorar livros", serem "voraz leitor", e outras que tal. Confesso que tais asserções alimentam mais em mim ideias negativas sobre o que essas pessoas pretendem passar aos outros, do que propriamente reconhecimento pelos seus esforços por serem pessoas literatas ou eruditas.

A leitura de livros tem um benefício prático que é permitir aprender coisas, sejam elas a própria língua e suas formas de expressão, ou então informações e conhecimentos. O benefício mais nobre e desafiante da leitura é do acelerar o despertar da consciência. Tal despertar pode ser agilizado até certo ponto, já que, a determinados momentos urge acumular experiência (vida real) para evoluir enquanto pessoa. Assim, devorar livros ou lê-los com voracidade tem uma vantagem relativa de aceleração da consciência até ao ponto em que doses generosas de realidade(experiência) se tornam mais prementes. À falta deles, insistir na leitura é limitá-la ao seu benefício prático, o que não deixa ainda assim de ser vantajoso, mas conduz unicamente à erudição (dimensão cultural) do indivíduo.

Não me interpretem mal: tenho os livros em muito boa conta. Não tenho é tais expressões em idêntica estima. Não reconheço no exagero da leitura qualquer vantagem que o justifique, e noto que os egos tendem a alicerçar-se em exageros para se afirmarem com o esplendor que ambicionam. Isso é de uma estética contraproducente, e nada tem que ver com uma vida superior (dimensão da consciência), que é o derradeiro ganho a que se pode ambicionar em vida.

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