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Sobre o filme Julieta, e o encaixar de vidas como o requisito necessário para fazer uma família funcionar

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Julieta, filme assinado pelo realizador espanhol Pedro Almodóvar, narra a história de uma mulher com esse nome e que vê a sua vida estrangular-se ante o mal resolvido caso da morte do marido, seguido do deliberado e mal explicado afastamento completo da filha. Durante 12 anos Julieta tenta reinventar a sua vida, esquecendo o passado, mas eis que um fortuito encontro na rua com a antiga melhor amiga da filha relança esta mulher na senda de sentido, explicações e soluções para o que aconteceu.

Quando, findo o filme, tentei compreender o que pode causar tamanha entropia e agonia na vida de uma pessoa, ocorreu-me pensar que, mais do que o encaixar de corpos, uma família cria-se e sustenta-se pelo encaixar polido das vidas. Creio ser esta dicotomia o que explica porque motivo Julieta não aguentou o marido e o precipitou para uma morte acidental, e também porque motivo a filha, ao crescer e pensar pela sua cabeça, decidiu desertá-la.

Numa música cantada pelo artista português João Pedro Pais, relembra-se, em jeito de refrão, que "ninguém é de ninguém mesmo quando se ama alguém". Creio que calha bem, nesta história, esse preceito mas ele não chega para legenda, faltando ainda acrescentar que o perdão, quando não consegue florescer com o tempo pela mão da virtude humana, encontra ainda assim caminho para se afirmar por via da dor e do sofrimento que, noutro contexto e com outros interlocutores, a vida serve de bandeja aqui e acolá. Bom filme.

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