Bridge, Jebel Ali, Dubai (UAE) - Philip Cheung (2014)
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Apesar de ser legítimo pensar que as tecnologias de informação escondem pessoas em cortinas de desculpabilização e em zonas de conforto deliciosamente personalizáveis, qualquer tentativa de fazer negócio em que seja necessário confiança e acutilância ainda depende fortemente da afirmação presencial.
A impessoalização, enquanto preço que a pagar para se chegar às massas, não deve ofuscar o facto de que os principais exemplos de viralidade ou de interesse compulsivo por parte dessas mesmas massas depende recorrentemente de um ou mais actos de afirmação pessoal presencial, onde se relevaram aspetos como carácter, personalidade, talento, comunicação (oral) sem reservas, rodeios, e cortinas tecnologógicas.
Tais fenómenos não têm que passar por coisas novas, incessamente inéditas, basta que que passe por coisas vertiginosamente genuínas. Genuíno e novo é uma parelha de qualidades que encerra oportunidades de estudo nos tempos de hoje, porque suspeito que dela possam emergir respostas e pistas sobre o modo de funcionar das massas. Assim, aceitamos pagar o preço de permitir a existência de cortinas, impessoalizações e pós-verdades, porque no reverso dessa moeda surge algo saboroso e valiosos, que é a facilidade de contacto com a novidade (com o seu cativente perfume de terna juventude), mas também com a genuinidade (e a sua vertigem de intensidade), quer na forma de aldeões (improváveis intérpretes) que dizem de modo provinciano (ou inusitado) verdades pertinentes, quer nos múltiplos vídeos inspiracionais (Tedtalks e outros que tais) que nos bafejam gratuitamente com o dom da perspectiva.
As tecnologias de informação resumem-se a amplificar as virtudes e as fraquezas da natureza humana, não sendo criadoras elas próprias de quaisquer virtudes ou fraquezas.
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