Procurar:

Sobre a viralidade ao serviço da justiça e proteção de vítimas (#MeToo), ao som de 'Inflections' (Ben Westbeech)

Share it Please

Untitled - Rui Calçada Bastos (2013)

* * *

Embora o fenómeno da viralidade digital dê à costa, recorrentemente, o melhor e o pior da estupidez, da comédia e do escândalo gratuito (despegado de qualquer ilação ou inferência moral), o ano de 2017 foi marcado pelo movimento #meToo, que inaugurou de modo global (ainda que nem todos os países tenham aderido) a chance de que as vítimas de um dado problema (neste caso molestamento sexual) se possam unir e fazer uma delação conjunta em cascata. 

A viralidade funciona aqui com a força do poder da matilha ou colmeia, poupando o esforço individual de sustentar uma acusação à custa de um aglomerado de acusações que desloca as atenções do público para cada novo caso que surge, e que faz o peso do mediatismo pender para os visados dos crimes, que passam, antes de chegar aos tribunais, a ter de dizer de sua justiça à sociedade.

Embora encerre perigos, nomeadamente o do falso testemunho, este fenómeno vem repor alguma justiça no progresso positivo que as tecnologias de informação permitiram à humanidade. E porquê? Porque conseguem sublimar o silêncio de quem se acha só, e cambiar a culpa e vergonha do denunciante, pela culpa e vergonha do denunciado. A normalizar-se, constituirá um passo representativo para tornar o mundo um local mais justo, e um local onde cada crime, mais do que um ato isolado, representa uma prova incriminatória de uma grande e silenciosa quadrilha (possivelmente entre si desconhecida) unida pelo mesmo tipo de vilania.

* * * 

"Sometimes in this life, you may find this too late,
 And you'd give up everything to change your mistakes, 
Be careful what you do and consider moves you make 
As one door closes, another one you take"


Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...