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Sobre haver cepos e cepos, e não ser claro o que pode significar, afinal, "ser-se um como um cepo"

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Collision of Accumulated Progression - Kishio Suga (2009)

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A palavra "cepa" está associada a raízes grossas (sobretudo de videira). Já "cepo" remete para troncos cortados transversalmente, que se mantêm ligados à terra e ao sistema de raízes mas que não possuem o fulgor vertical característico dos ramos e ramagem. Apesar ser sinónimo de estagnação e ausência de consequência, a vida só não é possível com oposto do cepo, ou seja, estruturas vegetais que se mantenham vivas só com um bocado de tronco mais o sistema de ramagem (sem raízes). Posto isto, a vida é melhor preservada na forma de "cepo" do que no seu oposto. Claro que no meio, e preferível, é poder contar com a estrutura completa: raízes, tronco e ramos com folhagem.

Acontece que a vida e as estações do ano não permitem que a folhagem, floração, e frutificação se aguentem permanentemente nas plantas (tal como em todos nós), conduzindo a períodos em que o tronco e a raíz prevaleçam (e eventualmente alguns ramos), e aguentem a planta. Acresce a isto a invenção funcional da poda, que reduz o desperdício de recursos da planta (e do homem) e que permite reorganizar as energias para pontos de desenvolvimento mais estratégicos. Há árvores que depois de podadas ficam "cepos" autênticos, mas isso não quer dizer que não voltem a ramificar, ganhar folhagem e frutificar. Estão apenas em transição. 

Postas estas considerações, não é assim tão óbvio que a associação de alguém à imagem de um "cepo" seja de todo um desprestígio. Cepos há que são exemplos de eficiência na manutenção da vida, crescendo com menos ambição e mais tino, expandido-se apenas dentro do razoável e necessário, e preservando na sua moderação um sábio sentido de vida pouco assente na competição desmedida pela exuberância e pela grandeza. 

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