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Sobre a monocultura e a policultura, e o denominador comum deste debate na agricultura, educação e cultura, ao som de 'Fields of Gold' (Sting)

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Open Door - Helen Lundeberg (1964)

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Contactei recentemente de forma mais substancial com o embate ideológico existente em torno da visão para agricultura que opõe os defensores da policultura ao status quo industrial da monocultura. Excusando-me a desenvolver o que sei ou não sei sobre as diferenças técnicas, políticas e filósoficas de cada corrente, prefiro concentrar-me no paralelo legítimo que se pode traçar com os embates que outros travam em quadrantes diferentes da sociedade, como são o da educação e o da cultura.

É que quem defende as policulturas na agricultura, defende a liberdade de deixar nascer e crescer o que naturalmente (local e tempo, logo conjuntura) encontra condições para vingar. Falamos da chance de colher o que cada a época (cada geração, cada era) dá de melhor, e da chance de diferentes espécies cohabitarem e se autoprotegerem naturalmente pelo efeito de grupo, que previne pragas absolutas (leia-se de conhecimento e maleitas) e razias de desempenho (leia-se competências e ideologias). Veja-se então o que sucede na cultura e na educação (à falta de mais exemplos), e se muito do questionamento do status quo atual não incide também ele no combate à uniformização  (monocultura) excessiva dos métodos formativos ou na hegemonia e viralidade de uma cultura musical, cinematográfica, alimentar, estética (e outras) que aprisiona as preferências na estreiteza e especificidade que se permite e celebriza.

Veja-se também o modo como o embate da monocultura vs. policultura tem, no universo agrícola, a mesma dificuldade em afirmar-se que a educação ou a cultura têm no questionamento dos respetivos status quo. Os argumentos da rentabilidade económica imediatista e da utilidade objetiva  superam expectativas de ganhos imateriais a médio ou longo prazo, e as discussões perdem-se na utopia de um futuro melhor vs. no pragmatismo de um curto prazo mais eficiente e lucrativo. A multidisciplinaridade técnica e específica destes diferentes domínios e áreas societais não consegue ocultar que a batalha é a mesma, e que há sempre quem não deixe de imaginar um mundo menos ditatorial e mais respeitador da multiplicidade de forma e conteúdo, balizado pelo respeito ao próximo e à natureza/universo. Só assim o mundo pula e avança.

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