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Sobre o filme 'Le jeu' (2018) a interseção da tecnologia com a subtileza e variedade personalística das pessoas que julgamos conhecer

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'Le jeu' é uma filme francês de comédia lançado em 2018 (direção Fred Cavayé) , que consegue resumir-se a um conjunto de personagens sentados numa mesa de jantar, à espera que os telemóveis de cada um toquem ou recebam uma notificação, a qual deve então ser lida, vista ou exposta com altifalante para todos os presentes. Trata-se de um jogo inesperadamente intenso que um grupo de amigos (e seus cônjuges) aceitam jogar, como picardia de saber quem entre eles guarda segredos e devido ao orgulho dos mais incautos no não dar parte fraca e impedir que tal quebra de privacidade se imponha à mesa.

À vez, cada personagem da história (mas não todas) acaba por ir sendo vítima de contactos externos de pessoas a quem estão ligados(as) por assuntos maioritariamente relacionados com relações ou seduções extraconjugais, mas também assuntos e problemas internos das relações, tais como a gestão de relação com um filha que já é mulher, a decisão de fazer uma cirurgia estética ou o plano de se inscrever uma sogra chata num lar. 

Acima de tudo, e não deixando de ser uma comédia, 'Le jeu' toca brilhantemente no tema das várias camadas que hoje em dia a presença social se permite, e muito em particular o modo como tais círculos conseguem manter-se relativamente independentes entre si pelos muros que as tecnologias permite criar. Pelo meio, o digital e as telecomunicações dão guarida a erupções de quebra de conduta ética ou à exposição de temas sensíveis que é difícil abordar, enfrentar e assumir no dia-a-dia e no frente-a-frente. Por tudo isto, este filme é uma produção cativante, não óbvia, e pedagógica sem deixar de ser divertida, e um excelente ponto de partida para se discutir a interseção da tecnologia com a subtileza e variedade personalística das pessoas que julgamos conhecer.

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