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Sobre a inadequação dos funerais

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É muito apetecível lançar observações generalistas sobre a sociedade, procurando estabelecer padrões e modas, mas chegará sempre o dia em que um aspecto mais arredado da norma nos convoque para reflectir sobre a justiça da generalização.

E dizendo isto passo a revelar que no ponto de modernização e evolução tecnológica em que nos encontramos face aos séculos anteriores mais recentes, parece-me sobremaneira antiquada a forma como a nossa sociedade trata os mortos.

Estou precavido para a ideia de que a dedicação ao tema da morte e dos mortos pode patrocinar os qualificativos de mórbido ou torpe, mas isso não invalidade que semelhante temática deva ser conversada e discutida.

Sincera e inofensivamente falando, custa-me a aceitar que os mortos continuem a ser enterrados no solo e que tenhamos de esperar a degradação do seus corpos para que se dê por consumada o término da sua passagem e influência no mundo dos vivos.

Casos há em que a biologia e a química impedem a deseja digestão por parte do solo, cuja ocorrência é crucial para que o ciclo funerário possa ser completado com a celeridade almejada por todos.

Tanto progresso tecnológico e inventivo em tantas vertentes da vida e da sociedade, para que me dê conta da completa estagnação e artesanalidade no tratamento dos mortos. Não me cabe a mim enumerar as alternativas às práticas actuais, apenas me espanta que os vértices da sociedade possam ir do muito sofisticado e dinâmico para o muito medieval e estático.

A própria profissão de coveiro condensa em si todo um esquecimento por esta matéria. Como enquadrar e encarar a existência de um posto de trabalho exclusivamente dedicado a cavar braçalmente covas para que os mortos possam ser depositados? Não salta a vista o arcaísmo destas práticas, tão pouco consentâneas com esta era informatizada e industrializada? Os mortos merecem melhor.

6 comentários:

  1. tens razão, eu mesmo pretendo se cremado.

    com saudações.

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  2. Obrigada pela visita. Seja sempre bem-vindo. Ótimo layout do seu blog! Parabéns!!!

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  3. Caro Marcelo Melo
    Penso que a decomposição não tem modernidade. Apenas atingiu esse status nos inícios do séc. XIX, com a criação dos cemitérios, mas o fundamento principal manteve-se: vieste do pó, ao pó retornarás.
    Não sou apologista das cremações.
    Com amizade.

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  4. Caro Poeta do Inverno,

    Agradeço-lhe a sua perspectiva sobre o seu próprio funeral, embora confesse que este texto não é um texto pró cremação.

    Este é um texto anti funeral convencional e ainda pró novas soluções, o que é ligeiramente diferente.

    Cordialmente,

    Marcelo Melo
    www.3vial.blogspot.com

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  5. Cara Lê Cami,

    Registo a sua parabenização pelo layout e faço votos de felicidades para si também.

    Grato,

    Marcelo Melo

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  6. Caro Poeta do Penedo,

    A decomposição poderá não ter modernidade, mas a decomposição não é uma via exclusiva para lidar com os falecidos.

    Mantenho a minha convicção a respeito da falta de soluções sobre esta matéria, e receio que esta discussão possa estar obstruída pelas alternativas já existentes, que parecem limitar em demasia o surgimento de práticas inovadoras.

    Com amizade,

    Marcelo Melo

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