Apercebi-me recentemente que a biblioteca da minha faculdade está a ser alvo de um processo de mutação funcional que acredito ter sido imposto pela revolução provocada pelas tecnologias da informação.
Aquilo que constatei é que de há 5 anos a esta parte a biblioteca tem sido cada vez mais frequentada por alunos que se servem dela mais pelo espaço, isto é, pela oportunidade infra-estrutural que ela encerra, do que pela riqueza de recursos que nela possam constar. Houve, creio eu, uma mudança de paradigma, pois só isso permitirá explicar o facto de quase todos os frequentadores da biblioteca da minha faculdade se servirem de computadores pessoais com ligação à rede enquanto trabalham, estudam ou passam tempo por esse local.
Aquilo que transparece, é que a biblioteca está a talhar um caminho para a condição de museu, percurso esse do qual nem ela própria se exclui de induzir, visto que se rendeu às evidências do benefício da gestão e estruturação dos dados pela via informática com medidas como a transferência de revistas em papel para a via online.
Não me parece sensato fazer juízos de valor quanto a este rumo comportamental, até porque esta transição não parece poder dar-se como consolidada. Estão em movimento forças de reposicionamento das bibliotecas no contexto do mundo informatizado. São conhecidos os processos de digitalização de obras literárias por parte de empresas do foro da internet, assim como o são e serão, em crescendo, a passagem de jornais e revistas para o meio digital como mercado principal. Ora tudo isto abona pouco a favor daqueles que até agora são os objectivos de uma biblioteca: concentrar recursos e promover a consulta dos mesmos.
Sou levado a pensar que o espaço que falta ocupar em muitas prateleiras da biblioteca da minha faculdade, terá cada vez mais dificuldade em ser preenchido, o que corrobora a minha tese de que as bibliotecas são grandes candidatas à condição de museu.
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