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Sobre o/a pretendente ideal para nós

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Quando se é jovem e solteiro, condição que acredito ter sido comum a qualquer pessoa que não tenha falecido prematuramente, é comum espraiar as ideias para o domínio da formulação do ou da pretendente ideal para si, num claro exercício de fantasia digno de quem não tem a mente ocupada com alguém a quem esteja vinculado.

Pode acontecer que um dia se profere, despreocupadamente e algures no círculo de amigos, uma frase destas: a mulher ideal para mim tem de ter uma opinião formada sobre a segunda guerra mundial. Como se é jovem e solteiro, proferir um critério destes é inofensivo, salvo se essa fantasia nos visitar algum tempo depois, quando ainda poderemos ser jovens mas solteiros não mais somos. Nessa altura, revisitar uma frase destas é como constatar a diferença de um catálogo e do artigo em si mesmo.

De um lado a irrealidade, do outro a realidade. Só apetece repudiar aquela patetice e confessar a nossa inexperiência perante as surpresas que a vida nos reserva, como são a de constatar que há alegria, felicidade, paixão e amor para além das nossas fantasias de solteiro, para além dos nossos jogos de construção do pretendente ideal.

É dessa surpresa que nos devemos orgulhar, essa capacidade de ter aceite a realidade e de haver superado um qualquer critério que nascia e morria connosco, um esboço que não passava de um palpite sobre algo que só a vida viria revelar.

Alegremo-nos com o erro desse palpite, pois nele reside a permeabilidade do nosso ser à inusitada formosura, atracção e diversidade humana. Afinal, deixaremos a nossa realização pessoal momentaneamente ser afectada por um esboço que nunca comprovou na realidade a sua infalibilidade?

Na realidade, o pretendente ideal é aquele que nos seduz e pelo qual nos apaixonamos. Será esse em qualquer circunstância, porque é para esse que o nosso querer e o nosso pensar fluem. Em solteiro até o podemos conhecer, mas não sabemos quem é. Ele aparecerá. E dessa surpresa se revelará o real ideal para nós.

5 comentários:

  1. Ana Henriques12:08 da tarde

    Olá!
    Em primeiro lugar, gostava de te felicitar sobre o texto.
    Este recorda-me bastante uma conversa que tivemos, sobre o pretende ideal, em que algumas frases foram ditas ( e bastante registadas!)...
    Todos nós sonhamos com o pretende ideal, muitas vezes idealizados segundo critérios pré-definidos, outras vezes com base em algo que sempre desejámos!
    Uma coisa é certa, acredito plenamente que o amor quando acontece,tem como base muito mais pontos do que todos aqueles que julgamos até então! Digo mais, se a nossa cara metade não tem aquela característica X ou Y, não deixa de ser mais perfeito, mas passa a ser sem dúvida ainda mais interessante já que não possui "aquela/aquelas" características que sempre julgamos ideais e conseguiu nos conquistar.
    Amar é isso, é não ter a pessoa perfeita ao pé de nós, com as características perfeitas e ainda assim ser PERFEITO sempre que olhamos/falamos dela!

    Bjinhos

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  2. Ana Henriques,

    Aprouve-me dar com o teu comentário quando o cheguei a considerar como irremediavelmente lançado ao esquecimento...

    Fico contente por haveres gostado da forma como coloquei as coisas, e ainda mais por notar que te revês nesta forma de interpretar a vida e o amor.

    Como sabes, eu sou um crítico do amor dos livros e dos filmes, na medida em que bloqueiam a compreensão de que é na vida real e não no domínio da fantasia que o amor se joga, levando a que as pessoas queiram viver na fantasia ao invés da realidade...

    A tua tirada final pareceu-me uma conclusão já um tanto poética, mas aceito-a porque respeito o teu ponto de vista e considero bem-vinda a participação de quem tem pontos de vista em algum grau distintos dos meus.

    Obrigado pelo comentário.
    Felicidades!

    Marcelo Melo

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  3. Ana Henriques5:32 da tarde

    Olá!

    Em relação ao teu comentário, penso que sim a minha última frase poderá parecer poética, quem sabe um tanto ao quanto cliché. Porém, registo que muitas vezes estar com algúem com que se sinta perfeitamente bem poderá levar a dizer/pensar desta forma.
    Estar com alguem que se gosta, poderá nem sempre ser a melhor coisa do mundo devido a todos os problemas que muitas vezes surgem, mas deverá (sem dúvida!) ter os seus momentos de cliché!

    Bjinhos

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  4. Em primeiro lugar deixa-me felicitar o teu texto e a tua reflexão sobre um assunto que parece preocupar a muitos mas que no entanto são muito poucos aqueles que realmente tentam reflectir sobre o tema para chegar a alguma conclusão que lhes mude a vida para melhor. Sobre o pretendente ideal... Bem, penso que esta questão se deve separar em vários itens. O principal será perceber ao certo o que é isso que chamamos de Amor - coisa complicada não é? De uma maneira algo abstrata posso dizer que o Amor é uma força que tende a unir as polaridades opostas. Podemos vê-lo na mais pequeníssima escala, fazendo um electrão gravitar em torno de um protão, ou numa escala um pouco maior, fazendo dois seres humanos "gravitar" um em torno do outro. Depois, perceber que há "preferências" em nós que são umas mais terrenas e outras mais idealistas, esta última no sentido de que são menos terrenas e não utópicas. Quanto a mim, uma união baseada em características mais idealistas, como seja, terem ambos os mesmos valores, crenças, a mesma visão sobre a vida e a maneira de estar nela (consciente ou inconscientemente), o rumo traçado e o objectivo que pretendem atingir durante a mesma, é muito mais durável e feliz do que uma baseada em coisas mais temporais, como as características físicas, opiniões, cultura ou gostos. Isto porque a personalidade das pessoas varia com os anos que passam, com as experiências de vida, etc, e essas características mais temporais, irão sempre mutar-se. Concordo com uma ideia que foi aqui lançada: que a pessoa que se ama, mesmo tendo nós a consciência dos defeitos que ela tem, e portanto, não sendo perfeita, é como se fosse, porque o amor tende a unir e não a separar, aumenta-nos a generosidade, a compreensão, o altruísmo e causa-nos um sorriso no rosto ao vermos a manifestação de algum defeito do nosso amor, porque essa pessoa aos nossos olhos é já perfeita do jeitinho que é. E não por estarmos cegos de paixão, mas por conhecermos profundamente aquele ser a quem nos decidimos unir. Assim será o pretendente ideal, alguém que comungue das mesmas características atemporais que nós em primeiro lugar, algumas temporais também, e que provoque em nós esse sentimento que nos leva a sermos melhores do somos, que nos leva a transcender os nossos próprios defeitos em prol de uma união a todos os níveis do ser humano.

    Um beijinho,

    Stelya

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  5. Olá Stelya,

    Obrigado por partilhares o teu ponto de vista sobre este assunto.

    O grande objectivo deste texto foi clarificar algo que eu disse num círculo de amigos e que ganhou uma dimensão que não pretendia que ganhasse.

    Talvez hoje, à luz de novas leituras, reflexões, ensinamentos e compreensão, este assunto tivesse tido outro rumo. Assim é a vida e o processo de aprendizagem!

    Um beijinho e novamente o meu obrigado,

    Marcelo Melo

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