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Sobre a peleja por estatutos na vida

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Há dias fiz uma pergunta nova a mim mesmo. Perguntei-me se o bulício diário para o qual cada um de nós contribui, não é, no seu âmago, uma tremenda batalha pela afirmação de estatutos desejados e pelo repúdio de estatutos indesejados.

Tendo por premissa o inegável reinado do culto da imagem e do mediatismo, isto é, a metrossexualidade como forma de vida por excelência, é praticamente impossível não tropeçar na identificação de estatutos nas diversas frentes em que o ser humano se bate diariamente, assim como em tudo o que são elementos menores do seu quotidiano, os quais somados são relevantes para o estatuto que se quer preservar.

Esta conversa abstracta do estatutos é fácil de concretizar: se somos pobres e queremos parecer ricos, reunimos sinais externos de riqueza à nossa volta e voilá! Se queremos parecer cultos, aparecemos a ler em público. Se queremos parecer perfeitos para as pessoas por quem nos apaixonamos, forçamo-nos a ocultar as nossas fraquezas. Sou levado a interromper esta cadeia de exemplos, sob pena de se poderem redigir linhas intermináveis com casos caricaturais da nossa forma de vida.

A batalha por estatutos não é exclusiva do nosso tempo, é intrínseca ao homem e à vida em sociedade. O perigo é que à medida que se agudiza a competitividade e as modas do sucesso pendem para o ter-se dinheiro e ser-se fisicamente perfeito, deixam de contar para o balanço de objectivos do indivíduo coisas como o valor da família, o valor da poupança ou o valor da honra. A nossa batalha pelos estatutos é tão feroz que deturpa princípios, faz-nos vergar sob o peso da nossa própria ambição e fazer sombra sobre o que eticamente é valioso ou mesmo sobre o que a médio-longo prazo poderá acarretar uma factura física, mental, económica, social, emocional dramática.

Todavia não nos enganemos: ninguém sai desta lógica de funcionamento a menos que deixe para trás a sociedade em que vive. Não, o ideal não é fugir, antes manter uma noção imparcial daquilo que somos, da forma como vivemos e da lógica que nos preside.

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