Não é preciso ir muito longe para perceber que a forma como vemos as rotinas não é em geral positiva, sendo estas normalmente rotuladas como algo que tem tanto de natural como de monotonia, alheamento e mecanização.
É no sentido contrário que pretendo situar este texto. Concluí que mais do que criticar as rotinas que tem ou que são impostas, o homem deve procurar geri-las.
Se repararmos, problemas de sedentarismo, de má alimentação ou hábitos de leitura, aprendizagem, entre outros tantos problemas e competências, são consequência directa da rotinas que temos. Pois bem, estar consciente de qual é a nossa rotina é o primeiro passo para a poder gerir. Muitas vezes, à saída de um consultório ou sala de aula, o fim da consulta, sessão ou lição foi somente o de estimular a consciência da nossa rotina e reforçar a necessidade de a alterar em algum aspecto.
Nunca se deram conta de situações na vossas vidas em que há uma actividade ou prática que tentamos incutir na nossa rotina e que parece nunca se deixar homogeneizar nela a ponto de perder o estatuto de “especial”? Falo de dietas alimentares, de exercício físico ou de nos forçarmos a estudar algo, etc.
O aspecto fundamental sobre as rotinas é que se gostaríamos de fazer exercício físico ou aprender uma nova língua, o melhor que temos a fazer é gerir a nossa rotina no sentido de acomodar e interligar as novas práticas desejadas com tarefas já de si rotineiras, caso contrário qualquer abalo ou situação de tensão na gestão do tempo, como é cada vez mais comum suceder, encontrará nessas práticas desejadas e “especiais” o bode expiatório para solucionar a tensão, conduzindo ao fracasso do esforço que estava a ser feito com vista a incorporar tais tarefas na nossa rotina.
Não estou certo de que o que aqui referi seja do foro exclusivo da gestão do tempo, na medida em que me parece que tem mais a ver com o pensar a vida que levamos e encontrar na interligação e acomodação de tarefas o busílis da relação com as rotinas.
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