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Sobre a política como referência circular

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840689_1a18_625x1000Aqueles que conhecem com algum pormenor um dos mais populares programas de tratamento de dados da informática comercial, o Excel, certamente compreenderá, ainda que apenas conceptualmente, o que pretendo dizer se afirmar que o funcionamento da política segue uma política de referência circular.

Uma referência circular é uma impossibilidade de se chegar a um resultado final correcto porque o que está em causa para que este seja determinado depende do próprio resultado final. É exactamente o que sucede com a política.

Um governante, para ser eleito, precisa que o povo o eleja, mas o povo, par ao eleger, precisa de saber que governante ele será. Deste impasse que é a ocorrência de uma referência circular, o Excel responde com uma mensagem de erro, indicando de que não há resultado correcto possível para a equação em causa.

Na vida real, isto dá erro também, a ponto de se sucessivos erros lançarem o caos governativo numa nação cujo atraso de desenvolvimento face ao padrão a que se quer comparar não deixa por si só muita margem de manobra para erros.

As pessoas que nos governam interagem com o povo na exacta proporção do que pretendem que este conclua a seu respeito para uma futura reeleição. Ou então, prometem e comprometem-se com o povo com vista a levarem-no a credita-lo com o seu voto e assim o elegerem. Isto resulta facilmente numa referência circular e num redondo erro. Porquê? Precisamente porque aqueles que estariam mais bem preparados para assumirem a governação, que querem tomar medidas para o bem comum e não para a vitória de eleições, não conseguem ganhar aos que resolvem a referência circular da política capitalizando demagogicamente confiança junto do povo de modo ilegítimo. De que forma? Tomando partido das partes afectadas com cada medida ou pura e simplesmente encarando todos os eventos políticos como ataques ou penalizações injustas, criando-se assim a imagem do político coitadinho que clama por misericórdia junto do eleitorado.

1 comentário:

  1. Caro Marcelo Melo
    então abaixo a referência circular, que funciona como engodo na pesca. Ao cardume dá-se-lhe algo que aparenta ser aquilo que o peixe mais quer- alimento, mas que não é, o peixe morde o isco, e só depois de o morder é que verifica que era uma armadilha. Tarde demais. Também votando através da referência circular é que nos apercebemos que fomos levados ao engano. Tarde demais. Já votámos! É realmente uma pena que o homem não tenha encontrado uma outra forma de tocar a vida para a frente, que não seja apenas através da política.
    Agora lhe digo: se as carreiras políticas tiverem por base a expressão escrita, meu amigo, você , Marcelo, tem uma carreira brilhante pela frente. Não me admiraria nada se você viesse a ser um dos políticos que não ganham eleições...mas isso não traria qualquer brilhantismo. Teria de pedir emprestado um dos livros que ensinam a ser-se «dignamente incorrecto».
    Um bom fim de semana.

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