A história conta-se em poucas linhas: vai um indivíduo caminhar na montanha com intuito de colecionar pinhas para se servir delas como acendalhas, mas esquece-se de levar sacos de plástico. Decide despir a t-shirt que vestia, tapá-la nas aberturas idealizadas para braços e pescoço, e usá-la como um saco de têxtil.
Caminha e enche, caminha e enche, caminha e enche. Até que o saco pede que não se encha mais, algo que acontece antes de o caminho chegar ao fim. Sussurra a ganância que talvez mais uma dê, e mais outra, e mais outra. O saco começa a abarrotar e eis que começa a ser extremamente custoso para esse indivíduo carregar braçalmente a carga de pinhas: é um volume grande mais para a sua capacidade. Tem duas hipóteses: 1) continua até ao fim e aguenta o desconforto da situação, 2) abdica de levar tantas pinhas e reduz a carga a um valor que lhe seja confortável.
Isto passou-se literalmente comigo, mas sei que se passa com milhares de pessoas neste país e noutros. Não com pinhas, que o mundo rural não toca a todos, mas com dinheiro e bens materiais. O desconforto é o mesmo, o dilema é o mesmo. A ganância também.
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