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Sobre a morte de Mário Soares, o Gandhi-Mandela português

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Window III - Val (2015)

Salvo algum erro por ignorância que por ora não consigo evitar, Mário Soares ficará para a História como um Gandhi ou Mandela, versão em português e no seu contexto, obviamente. Confundindo-se com o trajeto de um país rumo à democracia e aos direitos por esta preconizados, partilha com as referidas figuras a grandeza de quem se sacrificou por aquilo em que acredita ser o correto coletivo, e de quem deu a cara por um ideal. O contributo de Soares extravasa as fronteiras da Portugalidade: para o projeto europeu revelou-se um visionário early adopter e senador convicto, daqueles que abrem caminho para as maiorias que lhes vêm no encalço. 

Não acredito que uma pessoa tenha um percurso sem mácula e portanto não me espantam os anticorpos e críticas que abundam sobre ele pelo país. Estou certo que a liberdade de expressão pela qual lutou lhe permitará acomodar com um sorriso toda essa maledicência e adversidade. No cômputo geral, creio que a opinião geral que prevalecerá será a de o ver como alguém que, como poucos, lutou pelas suas convicções coletivas em prol da liberdade, da melhoria da qualidade de vida, e da esperança num futuro melhor, de paz, para os seus concidadãos.

Tem-me incomodado nos últimos anos, senão décadas, a ausência de uma ideia maior para o rumo do país: excesso de navegação à vista que alterna emergências de assistência com falsas partidas rumo a objetivos sempre por cumprir. É neste contexto que Soares falou, numa das últimas entrevistas, que gosta da pensar que as gerações de políticos, tal como as colheitas de vinho, ora saem melhores ora piores. Precisamos de uma colheita de políticos que dê continuidade ou ombreie com a de Soares, não para repetir o que esta empreendeu, mas para encher de futuro, consequência e sucesso a continuidade do nosso Portugal.

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