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Sobres as atuais tendências da sexualidade humana no Ocidente, e a necessidade de inventar de novo o amor (Vinícius de Moraes & Toquinho)

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Reclining Nude - Roy Lichtenstein (1980)


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Para aqueles interessados em inteirar-se do respetivo ponto de situação, não faltam na internet e televisão documentários tão informativos como perturbadores sobre as tendências atuais da sexualidade humana. Aparentemente, migrámos no Ocidente de sociedades onde o sexo se atinha dogmaticamente a preceitos religiosos, para uma acelerada democratização e laicização moral da mesma, a qual abriu caminho a uma liberdade que enche de vazio e desnorte a vida de muitos, criando-lhes vícios comportamentais e desvios doentios, com o alto patrocínio das tecnologias de informação.

Algures no processo de afirmação da liberdade sexual ocorreu o surgimento e afirmação da pornografia, primeiro como mascote da curiosidade e do cliché, e agora como grande acervo da volúpia humana nas suas mais rocambolescas formas. Com a sua expansão e banalização, a pornografia eclipsou a arte nobre do erotismo (fotográfica, cinematográfica, etc) e remeteu-a para um nicho invisível das massas. Substituiu-se a plasmação artística do desejo sexual pela compulsão da satisfação desse desejo, e abriu-se assim a porta a que os humanos dispensem a presença física de outros humanos para terem uma vida sexual ativa e satisfatória.

O que, nos ditos documentários mais inquieta, é perceber que a onda de liberdade que a democratização e laicização moral da sexualidade deu azo a uma mudança estrutural: a sexualidade não mais responde perante o amor/afeto. Ela ou vive apartada destes sentimentos, ou é usada como porta de entrada para estes. Despida de sentimento e digitalizada, o mundo Ocidental experiencia um deserto existencial, sexual, moral, onde aparentemente perdeu o controlo de algo natural e necessário, mas também social e complementar na vida humana. Arriscaria dizer que se assiste a uma morbidez silenciosa na sexualidade, com os contornos excessivos e anti-estéticos que tão bem reconhecemos numa obesidade alimentar.

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"É, meu amigo, só resta uma certeza,
é preciso acabar com essa tristeza
É preciso inventar de novo o amor"


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