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Sobre os modelos enquanto estudos da realidade, e a cultura enquanto manancial de explicações

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Steigerungsphanomen - Jurgen Klauke (1990-1992)

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Em engenharia trabalha-se muito com modelos. Quem os idealiza, procura retratar um fenómeno com vista a descrevê-lo, podendo com isso abrir caminho a melhorá-lo, piorá-lo, prevê-lo, antecipá-lo, escalá-lo, e ainda introduzi-lo noutros modelos com vista a cruzá-lo com outros fenómenos. Esta é uma realidade virtual, porque o modelo não é a realidade, mas quando se produz um bom modelo a realidade passa a ser praticamente mapeada e, com relativo sucesso, controlada e entendida.

Para além do variável sucesso com que descrevem um fenómeno, nem todos os modelos são iguais. Há modelos puramente empíricos que funcionam muito bem, mas estes pecam pela ausência de uma garantia de explicação causa-efeito podendo apenas correlacionar-se com o fenómeno por algum motivo alheio. Outros há, mais valiosos, que se categorizam como fenomenológicos, porque pretendem interpretar a realidade com base numa conjunto de ideias explicativas, sobre as quais se testa a aderência à realidade.

Vem isto a propósito de vir refletindo no modo como os jogos de computador, os argumentos de filme, novela ou teatro, ou ainda toda a literatura de ficção (sobretudo de teor não fantasista) ou mesmo a música, procuram estabelecer-se como ferramentas de descrição de realidades, quais modelos empíricos ou fenomenológicos. Tipicamente a qualidade de um modelo é aferida em relação ao desvio à realidade. Mas a questão é: que realidade? Fica ao critério de um de nós percecionar os modelos de explicação da realidade que a cultura produz, e aderir àqueles que nos façam mais sentido ou nos pareçam, pelo menos, fazer.

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