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Sobre a intemporal e omnipresente moral da ascensão e queda de Ícaro, e o desafio da ambição e do equilíbrio nos dias que correm

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Icarus flying high - 3vial Art (2018)

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A icónica história mitológica de Ícaro fala-nos de um homem que ambicionou algo e que mobilizou esforços para o conseguir: idealizou voar com as asas com que lhe foram concedidas, mas não obedeceu à regra básica (proferida pela experiência de vida) de não se aproximar demasiado do sol. Assim aconteceu a Ícaro: teve o céu para si e a liberdade de voar, e no entanto despenhou-se pela consequência da sua ambição desmedida e do seu descontrolo durante o processo de vôo.

Esta história muito merece figurar no plano formativo de qualquer jovem pessoa e de ser inclusive recordada no decorrer da vida adulta, porque a vida proporciona oportunidades que são ao mesmo tempo (e praticamente sempre) armadilhas "solares". Vivemos com uma ambição de conquistar mais, de conseguir mais, de ambicionar mais, sob o mote de que isso nos faz saudavelmente esticar o nosso limite físico e psicológico, bem como romper para novos paradigmas e patamares de realização. Mas o "mais" pode facilmente desembocar num "demais", e ser esse o preciso ponto em que as asas de Ícaro chegam à proximidade fatídica do sol em que a cera que as consolida e aguenta começará a derreter e colapsar.

O derretimento das asas de Ícaro é o produto do dizer português de que "tudo o que é demais é exagero", mas o desafio real é que em pleno voo nem sempre é discernível quando é que estamos no risco de cair nesse exagero. Só com bom senso (um elixir natural) e com o salutar cultivo do equilíbrio (e das virtudes) é que os exageros podem ser detetados a tempo de corrigir a distância ao sol, ou seja, a ponto de evitar que as asas dramaticamente derretam e vivamos um subsequente período de queda a pique rumo ao duro solo lá em baixo.

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