The end of an era - Bo Bartlett
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A causa pública exige líderes focados na otimização do bem comum, com olhos no presente e no futuro, e isso requer equipas coesas, harmonizadas, comprometidas com os objetivos que a governação necessariamente exige. Sabendo que tal desígnio colide com um ecossistema político pródigo em taticismo e em construção de vantagens e casus belli que visem fazer desmoronar parcial ou totalmente as cúpulas reinantes, a vontade de estabelecer pactos internos duradouros e incorruptíveis, capazes de suster essas pressões de dissidência e terrorismo autofágico, é enorme.
Chegamos pois ao tempo em que as democracias reconhecem algumas das virtudes das monarquias e das ditaduras, nomeadamente a virtude de se resolver o problema da deserção e escândalo interno por via da cooptação e preservação privilegiada de membros através de pactos assentes em laços de consanguinidade. Assim é com Trump, assim é com Bolsonaro, assim é com Costa. Um reflexo de tempos de desconcertante incerteza? Ou tão só reflexos de que a pulsão humana do controlo absoluto conseguirá também perverter o regime o democrático em seu favor?
Só com escrutínio público independente e com cidadãos com sensibilidade ética suficiente para exigir uma total assepsia de conduta, se poderão salvar os Estados da horda de líderes que descobriu no compadrio de sangue (ou de avença capitalista) a única forma de garantir gente fiel às suas manobras de governação, às suas mentiras, à sua quebra com os valores essenciais, à ausência de correlação entre atos e palavras, ou à inexistência de um plano e visão para o longo prazo. Como um todo, as pessoas estão a viver mais anos, a ter mais condições materiais para o fazerem, mas estão também a ficar mais fracas de valores e mais tentadas a sacrificar o seu património de hombridade para atingir os seus fins. Escasseiam exemplos de comportamento que sirvam de farol, sobretudo vindos de pessoas destacadas na esfera pública.
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