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Sobre o COVID-19 e o bem-estar humano enquanto grande motor e prioridade da civilização

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Museo Romano - Mario Rossi (2019)

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A inédita efeméride de experienciarmos em primeira pessoa uma pandemia mundial vem recentrar uma série de assuntos e preocupações que estariam porventura inflacionados entre nós, e colocar ênfase no imperativo da sobrevivência invidividual e coletiva. Quando muitos de nós se desassossegam com a falta de interação humana promovida pelas tecnologias de informação, assistimos com o COVID-19 à tecnologia de informação a permitir mapear em tempo real o grau de interligação real que os cidadãos e povos de todo o mundo exibem hoje em dia, mesmo que nem sempre na forma de atos conscientes de interação e dependência dos outros. A quarentena, entendida como clausura forçada, é um ato plenamente contranatura, porque a natureza humana implica socializar, circular, interagir, satisfazer necessidades várias.

Por outro lado, os danos desta pandemia jogam-se muito na interligação que a globalização do comércio e que a livre circulação de pessoas pelos mais variados fins (trabalho, estudos, turismo, etc) acarretam. Esse grau de tricotado interativo, intrincado em complexidade e avassalador em dimensão, transporta a gestão dos problemas para a escala civilizacional, e não apenas para a escala do quintal que nos representa enquanto cidadãos. Por este mesmo motivo, observa-se uma pulsão por nos fecharmos ao quinhão do problema que nos cabe, cerceando-o ao máximo pela interrupção da globalização, situação que implica um misto de nacionalisto forçado (valem os de dentro) e de comunismo profilático (sentido de comunidade e de igualdade de direitos e condições).

Por último, ressalte-se ainda o modo como o bem-estar humano é de facto o grande motor e prioridade da civilização. Podemos enveredar por campanhas de ativismo ambiental, campanhas de equiparação dos animais a homens, campanhas de especulação económica, campanhas de culto ao corpo e à beleza, campanhas de ódio racial ou étnico, mas no fim do dia o que queremos mesmo é que subsistam condições para vivermos sustentavelmente em comunidade, celebrando o que de mais precioso e valioso possuimos, que é o dom da vida.

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