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Sobre o livro 'O jogador' (Fiódor Dostoieksi), e o vício do jogo como um pecado capital que aliena o ser humano do melhor de si mesmo


Gambling Skull - Jacky Tsai (2018)
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Naquela que foi a minha estreia a ler Fiódor Dostoievski, o livro 'O Jogador' revelou-se um valioso investimento de tempo. Não só a escrita é fluida e o ritmo não quebra, como o tema do jogo a dinheiro - centrado na roleta - é aflorado de modo exímio. Também a cultura russa do século XIX é caricaturada, no modo como uma atistocracia militar forçada se dispõe a relacionar com alemães, ingleses e franceses abastados, assegurando a sua posição social à custa de dinheiros de família e relacionamentos interesseiros.

A história é a de um grupo de pessoas interligadas por questões de dinheiro e/ou paixões, onde se joga para fazer fortuna que pague dívidas, uma subsistência faustosa, ou que convença caras-metade interesseiras a casar, e onde uma herança de avó que tarda em chegar vai protelando e agravando a paciência de todos.

A moral da história é que se a sede por dinheiro fácil superar tudo o resto, a vida perde o sentido porque desaparecem princípios, convicções, seriedade, emoções genuínas, motivação para ser boa pessoa, e o alienamento é inexorável. Num tempo em que o jogo dinheiro abunda em variadas formas, ler 'O Jogador' é pedagógico e um tónico preventivo até. O livro explora também o modo como o jogo faz sobressair instintos e traços personalísticos odiáveis, como o ódio, a compulsão, a ganância e a incoerência.

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