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Sobre o filme 'Pedro e Inês' (2018), e a intemporalidade das dinâmicas humanas regidas por fortes e obsessivas emoções e sentimentos passionais

O filme de 2018 intitulados 'Pedro e Inês' é assinado por António Ferreira e inspirado no livro a 'A trança de Inês' de Rosa Lobato Faria. Perfurando três eras - a medieval (original); a contemporânea; e outra difícil de decifrar; Pedro (por Diogo Amaral) vive a sua trágica história de amor por Inês (por Joana de Verona) a partir de uma relação falhada com Constança (por Vera Kolodzig). O filme é também ele uma trança entre os três tempo-espaço, mas que têm em comum efemérides que colocam Pedro numa situação de repúdio da relação oficial com Constança, por outra que para ele simboliza o grande e verdadeiro amord a sua vida, com Inês.

Se na história original o casamento real com Constança é feito de acordo com a prática da época, ou seja, por acordo entre famílias sem que a pureza dos sentimentos seja tida ou achada nas vontades do casal, vamos encontrar nos dois outros fios da trança narrada motivos distintos para o insucesso da relação: desinteresse sexual; falta de química na relação de casados; ou dúvidas quanto à vontade de casar. Em todos eles encontramos o mesmo mecanismo de escape: ações que vão esculpindo a alternativa de relacionamento na qual se deposita a esperança de ter encontrado o valioso amor eterno. O mesmo Pedro que ama tão perdidamente Inês, é o Pedro que se anula perante a obstinação de recuperar para vida quem desta se despediu de forma definitiva. A dor é irreparável em qualquer caso.

Este belo filme nacional tem o mérito de revisitar a História a partir do presente, e mostrar que hoje como no passado vivemos contextos e cometemos erros em tudo idênticos aos dos encontrados na história do Pedro medieval, sublinhando-se com isso a intemporalidade das dinâmicas humanas regidas por fortes e obsessivas emoções e sentimentos passionais.

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