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Sobre a perversão de meios transformados em fins, à luz das incessantes ferramentas que o homem de hoje inventa

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As ferramentas simplificam e melhoram a vida, quando a vida evidencia com pertinência problemas que carecem de solução. A criatividade e engenho humano são notáveis neste desiderato. Todavia, o caso muda de figura quando se inventa ferramentas por inventar, quando se quer solucionar problemas que não existem com pertinência suficiente, quando se entende por problema, por exemplo, círculo vicioso da constante obsolescência das coisas (tudo se finda mal se vende/compra).

As ferramentas são meios para quais se chega a fins. Quando uma sociedade brinca à invenção de ferramentas e começa a olhar para elas como fins, quebra-se a lógica do progresso útil, e inaugura-se a frágil e moralmente questionável lógica do progresso fútil. A banalização de ferramentas na forma de objetos pessoais de consumo, desligada de um sólido entendimento da sua utilidade para as pessoas, faz de nós todos gente pródiga em distração dos reais problemas que precisamos de solucionar.

Em perfeita velocidade cruzeiro, nesta perversão dos meios (ferramentas) transformados em fins (objetivos) vivem-se dias de completa escradidão ou desnorte, porque mais e melhoradas ferramentas adulteram o sentido e valor da posse, e modificam, por exemplo, a própria compreensão daquilo que é o trabalho (e sua remuneração). Isto para não falar do impacto que tem na incontornável finitude dos recursos naturais sobre qual toda essa trágica perversão assenta. 

Meios que se transformam em fins, são meios caminhos para trágicos fins.

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