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Sobre a justiça Natural, o derradeiro motor de resoluções de Ano Novo

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Air Dispenser - Yoko Ono (2015)


Sendo um entusiasta da visão que confere à Natureza o supremo poder de premiar ou castigar, tenho-me debruçado sobre o tema na qualidade de investigador. É notável como, salvo se nos forçarmos a autovisões panorâmicas, o mundo aqui em baixo consegue ocupar-nos tanto, e revelar-se brutalmente pródigo em caravanas de eventos, vicissitudes, episódios, inesperados, factos, demonstrações, corropios, aclamações, emergências, clarificações, provas, encontros, confirmações, etc.

Como requisito de garantir o bom funcionamento da justiça Natural, existe toda uma máquina capaz de gerar os capítulos da história de cada vida e dar-lhes uma identidade mais ou menos causal, a ponto de nos fazer acreditar (ou apenas suspeitar) que haja um sentido (oculto) para tudo o que sucede. Pressinto que essa máquina gera brindes que de tempos a tempos têm o condão de abalar as vidas de cada um, com consequências diretas positivas ou negativas, mas com uma inequívoca missão de nos colocar à prova e, em último caso, de nos permitir superar a prova e evoluir.

Assim, todos os que são forçados a conviver com a perspetiva de incerteza inerente ao futuro - e algo nos diz que há sempre um interesse em fugir do presente/passado (por muita dor e/ou muita ambição) - têm nessa experiência a oportunidade de investigar este mecanismo, e ver a máquina sortear os brindes que transformarão as nossas vidas em cada ano. Devido a ter a justiça Natural como mestre, este mecanismo (e seus sorteados brindes) é comunicante com o mérito da vida que levamos. Trata-se portanto do grande motor da mudança, sendo o responsável pelas verdadeiras resoluções de ano novo, que suplantam num ápice as outras que nomeamos interesseiramente como tais. A Natureza não brinca às passas e aos desejos connosco, ela sabe sempre que testes e que oportunidades mereceremos enfrentar na janela temporal seguinte. Podemos confiar.

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