
Quando ocorre, o fim do amor revela sempre um gestão complicada, porque dificilmente os dois participantes na comunhão de um relacionamento amoroso atingem o término do sentimento amoroso sincronizados, pelo que de um surgirá a acção de romper e o outro ver-se-á envolvido numa onda de choque, com duração variável. Um sinal transparente do poderio efectivo que o amor tem no estado anímico de cada um é mostrado pela mágoa, desgosto e amargura que sentirá aquele que se priva da concretização do amor que sente, devido ao romper da parte conjugante. Amargos são esses dias seguintes, conduzindo a pessoa a um desânimo sem paralelo no panorama rotineiro do dia-a-dia. Inúmeras perguntas são feitas, explicações racionais são exigidas, eventuais bodes expiatórios são identificados, tudo resultante dos efeitos da agonia sentida. A parte que encerra o vínculo sentirá naturalmente com a perda, mas não poderá comparar-se em dor à outra.
A dificuldade em lidar com a perda do amor, ou com a inutilização do mesmo, gera reacções diversas, podendo mascarar-se de comportamento agressivo como poderá, noutra perspectiva, dar lugar a uma fraqueza emocional de tal ordem que o sofredor se veja, com celeridade inesperada, envolto em novos laços amorosos com outra pessoa, numa resposta hábil mas imprevisível de anular o efeito negativo associado.
Com a preponderância do amor, a alma alimenta-se tão privilegiadamente dele aquando da sua existência que quando dele se vê privada faz exigir o seu regresso por não ser achar capaz de apreciar os restantes prazeres disponíveis. Claro que tudo se acaba por acomodar, não fosse a versatilidade uma característica humana. Pela forma como o amor ganha espaço e deixa a sua cratera para onde jorram todas as atenções quando cessa, ousei falar num vácuo, o vácuo do seu fim.
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