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Sobre a autonomia para falar espontaneamente

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Em Portugal existe muita cobardia para dar o primeiro passo e muito excesso de motivação quando este já foi dado. Normalmente verifica-se um retraimento na altura de dar a cara e exteriorizar o que se sente, a menos que estejam criadas condições para uma onda de revolta que propicie a manifestação daquilo que cada um gostaria de dizer.

As novas gerações são descaradas para um desprendimento com valores tidos como fundamentais, levando a uma imagem de rebeldia e descontrolo, embora estas mesmas gerações se furtem cada vez mais ao confronto directo com os problemas. Aquilo que fazem é fugir, ocultar, contornar e deturpar os problemas, nunca confrontá-los.

Mas o problema está longe de ser geracional, é um traço forte da cidadania portuguesa, este de não haver força para exteriorizar a insatisfação e esperar sempre para que esteja instalado um ambiente próprio que garanta, aí sim, o ataque. Podemos estar a falar de uma questão de confiança, mas é de lamentar que o país dependa tanto de ondas e menos de rupturas individuais. Habitualmente esta rupturas individuais de alguns que conseguem fugir ao medo de falar, geram ondas que pseudorupturas individuais, que são apenas resultado de o primeiro passo já haver sido dado.

Talvez por isso o fenómeno do comentário, opinião, palpite, achega reúna tantos adeptos praticantes pelo país fora. A imagem dos treinadores de bancada, conhecida no mundo do futebol, acaba por ser bastante comum a outros ramos da sociedade, chegando ao jornalismo e à política também.

Se há urgência para a instrução dos portugueses, desde o básico aos superior, passando pelo secundário, é a de combater o seguidismo e a falta de afirmação pessoal, que transforma os portugueses num núcleo de seres ricos em potencial mas com uma tranca inicial que bloqueia o espoletar espontâneo de manifestação pública. Esta valência vale mais para o país do que muitos livros escolares. Temos de acabar com os seguidismos que minam a coerência e que são autênticas prisões intelectuais, levando a uma hibernação pontualmente contrariada.

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